Neste 25 de Abril, que marca o 47º aniversário da “Revolução dos Cravos”, republicamos esta matéria com a cópia desde magnífico documentário “As Armas e o Povo”, restaurada pela Cinemateca Portuguesa, numa singela homenagem aos protagonistas deste movimento – o povo português, suas Forças Armadas e seus dirigentes políticos e sindicais – que libertou Portugal da longa noite de 48 anos do perverso regime salazarista.
A Redação
A Cinemateca Portuguesa disponibilizou em seu site uma cópia restaurada do raríssimo “As Armas e o Povo”, filmado nas ruas do país na semana do ano de 1974 em que as Forças Armadas depunham a ditadura salazarista e as ruas cantavam o fim de quase 50 anos de opressão em Portugal.
Assinado pelo Colectivo de Trabalhadores da Actividade Cinematográfica e conduzido pelo cineasta baiano Glauber Rocha (1939-1980), o filme é considerado o mais célebre sobre a Revolução de 25 de Abril, a “Revolução dos Cravos”
Glauber, um operário do cinema, perambulava pelo mundo buscando a viabilidade de um cinema revolucionário cuja ideia nascera com a sua geração e com o Cinema Novo. Depois da estreia mundial em Cannes de seu “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro”, em 1969, onde galgou o prêmio de melhor direção e propostas para filmar na Europa, não voltou ao Brasil. Aqui, a truculência do Ato Institucional n.5 (AI-5) privava a população de seus direitos constitucionais sob a ditadura.
Em 25 de abril de 1974, Glauber estava em Portugal. Nesta data, o sindicato de trabalhadores do cinema foi às ruas empunhando câmeras para documentar a agitação do povo na rua. Glauber juntou-se aos colegas profissionais de ofício e tomou parte no que viria a ser o filme – o registro mais fidedigno dos desdobramentos da revolução, além de documento histórico e manifesto sobre as relações do cinema como representação histórica.
Ficha Técnica:
As Armas e o Povo
Realização: Colectivo dos Trabalhadores da Actividade Cinematográfica
Colaboração: Acácio de Almeida, José de Sá Caetano, José Fonseca e Costa, Eduardo Geada, António Escudeiro, Mário Cabrita Gil, Fernando Lopes, António de Macedo, João Moedas Miguel, Glauber Rocha, Elso Roque, Henrique Espírito Santo, Artur Semedo, Fernando Matos Silva, João Matos Silva, Manuel Costa e Silva, Luís Galvão Teles, António da Cunha Telles
Montagem: Monique Rutler
Produção: Sindicato dos Trabalhadores da Produção de Cinema e Televisão/Instituto Português de Cinema
Laboratório: Tóbis Portuguesa
Estúdio de Som: Valentim de Carvalho